Em São Paulo, além do calor intenso, muitos moradores também sofrem com falta d'água

Escrito em 28/12/2025


Em meio ao calor extremo, São Paulo enfrenta falta d´água e luz Na maior cidade do país, além do calor intenso, muitos moradores também sofrem com a falta d'água. Trinta e cinco graus na medição oficial. São Paulo não tem memória de um mês de dezembro quente assim. "Muito quente, a sensação que está dentro de um forno”, conta a diarista Ivalda Pereira Sampaio. "Já chega cansada, exausta, porque o calor não ajuda, não está ajudando não”, diz a segurança Catarine Conceição Pereira. Na periferia o calor é pior. Não só porque os bairros menos verdes, mais quentes e as casas têm pouca ventilação, mas porque pode faltar o básico. Há dez dias, moradores dos pontos altos da cidade reclamam de falta água. E a situação piorou do Natal para cá. Liz e Vitória se refrescam no balde. O pouco que chega pela rede da Sabesp é guardado para banho e descarga. "Lá para baixo na favela tem gente que não tem nem água para beber”, conta uma moradora. A mangueira secou. "Eu tenho que ficar de madrugada lavando a louça porque, se não, não tem jeito. Ela acaba e vai embora. Um dia tem, outro dia não tem”, conta a aposentada Cleusa Rodrigues. Os negócios vão mal. Sem água para testar as máquinas de lavar, o técnico não recebe pelo serviço. "Se você não testar, não pode entregar, porque lá, se der problema, os caras vêm devolver. Então, tem que engolir isso aí e acabou”, diz o técnico em máquina de lavar Francisco Gomes dos Santos. E a maior parte dos clientes procura outro salão. "Se precisar lavar um cabelo, fazer alguma coisa, a gente não consegue, tem que deixar de fazer”, conta o cabeleireiro Jonathan Rodrigues. Em São Paulo, além do calor intenso, muitos moradores também sofrem com falta d'água Jornal Nacional/ Reprodução Com alerta do nível baixo dos reservatórios, em agosto, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo passou a interromper o abastecimento em alguns bairros à noite. A falta de energia que durou dias em dezembro afetou o funcionamento das bombas, e aí veio o calor. Mesmo com um terço da população fora da cidade, o consumo subiu 20% nas contas da diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Sabesp, que pediu à população o uso responsável da água. "O sistema é distribuído entre zona baixa e zona alta. Então, a água vem e sobe para chegar nas zonas altas da cidade. A zona baixa estava consumindo 60% a mais da água que estava sendo distribuída e tirava a pressão da zona alta, onde nós tivemos essas intermitências no abastecimento, que estão sendo minimizadas nos últimos dias. Nos próximos dias, nos próximos dois dias, nós devemos chegar a uma estabilização dessa situação com a chegada das chuvas e também uma pequena redução na temperatura e, claro, contando com o consumo consciente da população”, afirma Samanta Souza, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Sabesp. No fim da tarde, veio a chuva, mas não só como sinônimo de alívio. O temporal derrubou árvores e deixou uma pessoa gravemente ferida quando uma viga de aço atingiu um carro debaixo de uma linha de trem. Novamente vieram a falta de luz e problemas no transporte público. LEIA TAMBÉM Insolação x exaustão térmica: quais os riscos das altas temperaturas e quando ficar em alerta? Até quando vai o calor extremo no país? Veja previsão