Governo Trump admite ataque a sobreviventes de barco venezuelano afundado, mas protege secretário de Defesa

Escrito em 02/12/2025


Secretário de Trump diz que EUA 'não vão parar' após ataque a barco venezuelano no Caribe À medida que o governo americano deixa mais claro seu objetivo de mudança do regime na Venezuela, embrenha-se também na desastrosa operação que teria matado dois sobreviventes no primeiro ataque a uma embarcação suspeita de tráfico de drogas no Caribe, no dia 2 de setembro. A controvérsia levanta o alerta de crime de guerra e envolve diretamente o secretário de Defesa, Pete Hegseth, que teria ordenado verbalmente um segundo ataque letal aos náufragos que se agarravam aos destroços do barco destruído, de acordo com o jornal “The Washington Post”. A Casa Branca confirmou o segundo bombardeio e atribuiu-o a razões de legítima defesa, mas, segundo a porta-voz Karoline Leavitt, a decisão partiu do chefe do Comando de Operações Especiais, almirante Frank M. Bradley. Ao mesmo tempo que isentou Hegseth de responsabilidade, ela ressaltou que o almirante agiu dentro de sua autoridade. Segundo Pete Hegseth, operação Lança do Sul foi ordenada por Donald Trump REUTERS Tanto Trump quanto Hegseth reforçam que as 23 embarcações atingidas no Caribe e no Pacífico transportavam narcoterroristas. O presidente deu apoio ao chefe do Pentágono, embora tenha ressaltado que ele não teria ordenado um segundo ataque aos sobreviventes do barco destruído. Hegseth, por sua vez, respaldou o almirante, ao enfatizar que partiu dele a ordem do ataque subsequente ao barco. “Vamos deixar uma coisa bem clara: o almirante Mitch Bradley é um herói americano, um verdadeiro profissional, e tem meu apoio incondicional. Eu o apoio e defendo as decisões de combate que ele tomou — na missão de 2 de setembro e em todas as outras desde então”, afirmou o secretário. Os argumentos não convenceram congressistas, incluindo republicanos e correligionários do presidente, que demonstraram disposição para investigar o incidente, alarmados com as possíveis violações das leis americanas e internacionais. O manual de Direito da Guerra do Pentágono estabelece, por exemplo, que uma ordem superior para atacar náufragos pode ser recusada. Num duro editorial, intitulado “A anarquia caribenha de Pete Hegseth”, o “Washington Post” destaca a fragilidade jurídica da “execução sumária de mais de 80 pessoas suspeitas de transportar drogas nas águas da América do Sul pelas forças armadas dos EUA” e qualifica como comportamento totalmente imoral o ataque aos sobreviventes. “Que perigo representavam os náufragos? Sem um segundo ataque, provavelmente teriam se afogado. Claramente, não representavam nenhuma ameaça imediata”, questiona o jornal. A pressão agita os comitês de Serviços Armados do Senado e da Câmara, liderados por republicanos, que prometem uma investigação rigorosa sobre os ataques. Hegseth preferiu dar o tom de paródia ao incidente, publicando em suas redes sociais o meme de uma capa fictícia do livro “Franklin”, no qual a famosa tartaruga canadense, vestida como militar americano, dispara mísseis contra barcos que transportam drogas. Secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, e montagem de tartaruga Franklin bombardeando barcos. Pool via Reuters e reprodução/redes sociais