Disputa entre facções eleva número de homicídios em Rio Claro Localização geográfica estratégica e ausência de hegemonia no controle do tráfico de drogas. Essa combinação transformou Rio Claro, cidade de 200 mil habitantes no interior de São Paulo, no território de uma disputa sangrenta entre facções, entre elas, as duas maiores do país: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). 📈A cidade registrou, em 2025, 24 homicídios dolosos, sendo 8 execuções. Os números, da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, indicam um aumento de 26,3% em relação a 2024, e deixam o índice de assassinatos por 100 mil habitantes quase três vezes maior que a média do estado. (veja detalhes da estatística mais abaixo) Investigações e documentos do Ministério Público e da Polícia Civil aos quais o g1 teve acesso sugerem que a escalada nos assassinatos tem relação com o conflito entre as facções. 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram Tráfico sem "dono" O Comando Vermelho comanda o tráfico em 24 dos 27 estados do Brasil. Em São Paulo, esse domínio é do PCC, embora em Rio Claro a facção não esteja consolidada como em outros municípios segundo a polícia. O g1 apurou que há pelo menos três razões centrais associadas à disputa por poder entre facções na cidade: Localização: Rio Claro está cercada por rodovias importantes que facilitam o escoamento de produtos do tráfico, como a Anhanguera, a Bandeirantes e a Washington Luís Histórico: é uma cidade onde historicamente o tráfico não tem um dono exclusivo Sem hegemonia: há ali uma fragilidade da facção dominante no estado, o PCC, que enfrenta conflitos, inclusive, com grupos locais menores Em Rio Claro, a fragilidade desse controle do tráfico, pulverizado por grupos que atuam isoladamente, criou novas alianças e rivalidades. Um desses 'grupos menores' é o 'Bonde do Magrelo', formado por dissidentes do PCC associados ao CV. Segundo a apuração, uma das evidências dessa tentativa de avanço do Comando Vermelho na região foi uma base logística da facção carioca encontrada em março deste ano em Hortolândia, cidade próxima a Rio Claro. O g1 teve acesso a um relatório de inteligência policial que aponta que o local era usado por um integrante do CV como ponto de parada entre Rio Claro e o Rio de Janeiro, e também fornecia a estrutura para a atuação da facção contra o PCC na região. (leia mais abaixo) Violência acima da média Disputa entre facções aumenta número de homicídios em Rio Claro Edição nossa/ Reprodução de câmera de segurança Os 24 assassinatos registrados em Rio Claro em 2025 correspondem a 11,92 homicídios a cada 100 mil habitantes. A média estadual até o momento é quase 4,09. A realidade tem gerado um clima de insegurança entre a população do município da região central do estado (entenda no vídeo acima). A cidade também teve assassinatos acima da média estadual em 2024. Foram 32 homicídios dolosos, com uma taxa de 13,85 homicídios por 100 mil habitantes — mais que o dobro da média paulista (6,1). O índice acendeu um alerta entre as autoridades, destacando uma motivação peculiar em Rio Claro: a briga entre as facções criminosas. “Nós temos as motivações comuns, mas há também homicídios ligados a disputas de espaço e poder entre grupos criminosos”, explicou ao g1 o delegado seccional de Rio Claro, Paulo César Junqueira Hadich. Mais notícias da região: INFOSIGA: Acidentes matam 93 pessoas em 5 cidades da região em 9 meses; Araraquara tem mais mortes ACIDENTE: Mulher morre na SP-340 após moto atingir traseira de carro em Casa Branca FATALIDADE: Idoso morre afogado na Represa do 29 em São Carlos Medo nas ruas 📍Localizada na região central do estado, Rio Claro é conhecida por ter um campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com cursos desenvolvendo importantes pesquisas nas áreas de ciências biológicas e geociências. Além disso, o município soma um PIB per capita de R$ 63,2 mil, tendo como principais motores econômicos a indústria e o agronegócio. Moradores relataram ao g1 o aumento da sensação de insegurança por lá. “A violência aumentou consideravelmente. Dependendo do horário e do local, é preciso ficar muito atento”, disse um morador que vive há 23 anos na cidade. Ele afirmou ter percebido aumento de roubos, inclusive no Centro. A cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo Prefeitura/Divulgação Outra moradora, uma jovem de 22 anos, que também não quis se identificar, diz que se assusta com tantas notícias de homicídios, mas afirma que sempre ouviu falar sobre esse tipo de crime na cidade. "A gente não sabe o motivo, mas sempre tem uma notícia de assassinato. É estranho, né? Porque a cidade é pequena", questionou. "Hoje eu fecho o portão logo às 18h, porque a gente tem medo de acontecer alguma coisa. Só ouve falar dessa violência, de morte, assalto. A gente fica ressabiada, com medo mesmo", relatou Mônica Silveira, de 42 anos, moradora da cidade desde a infância. Hadich reforça que a maior parte dos crimes de homicídio está restrita ao ambiente criminoso, mas admite o risco de atingir inocentes. “A população deve comunicar qualquer fato suspeito à polícia”, orientou. Disputa entre PCC, CV e grupos dissidentes O g1 teve acesso a relatório de inteligência policial apontando que a rivalidade entre o PCC e o CV impulsionou parte da violência em Rio Claro. Crimes de grande repercussão no fim de 2024 — como um quádruplo homicídio em novembro e uma execução dentro de um supermercado em dezembro — foram associados à disputa dessas facções. Vídeo mostra execução no final de 2024, em Rio Claro: Homem é executado a tiros em supermercado de Rio Claro Segundo o relatório, as investigações identificaram Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto (“Bode”) como chefe do CV na região e Edvaldo Luís Lopes Júnior (“Grão”) como seu braço direito. O PCC teria decretado a morte de ambos, fazendo com que “Bode” fugisse para o Rio de Janeiro (RJ). O g1 apurou que o domínio do PCC em Rio Claro é menos consolidado que em outras cidades do estado. Ex-associados do PCC atuam de forma independente e, às vezes, se aliam a grupos menores, como o chamado “Bonde do Magrelo”, o que gera novas rivalidades. Fontes policiais apontam que o PCC estaria priorizando o tráfico internacional e atividades de lavagem de dinheiro, deixando o comércio local para grupos menores e mais voláteis. O delegado Hadich destaca que investigar os crimes é um desafio, e afirma que cerca de 50% dos crimes ligados às disputas criminosas já foram esclarecidos. “Quem executa muitas vezes não é da região, e testemunhas têm medo de falar. Nosso trabalho é técnico e minucioso para transformar informações em provas sólidas”, disse. Homem é executado em supermercado de Rio Claro Reprodução câmera de segurança Base logística do Comando Vermelho O monitoramento de “Grão” levou a polícia até uma chácara em Hortolândia, em março deste ano. O local, segundo o relatório, era usado como ponto de parada em suas viagens entre Rio Claro e o Rio de Janeiro. A propriedade pertence a Wilson Balbino da Cruz, conhecido como “Japonês” ou “JJ”, egresso do sistema prisional com antecedentes por roubo e formação de quadrilha. Ele já havia sido abordado em 2023 na companhia de “Bode”. Veja a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, divulgada na época: Mãe e filho são presos com drogas e armas em sítio em Hortolândia Operação revelou arsenal Durante o cumprimento de mandado judicial na chácara, policiais civis e militares apreenderam 96 quilos de drogas, entre elas 57,1 quilos de cocaína em pasta base, 9,8 quilos de cocaína refinada, 17,9 quilos de lidocaína, 3,9 quilos de resina de haxixe e 4,4 quilos de maconha. Diversas embalagens traziam a inscrição “CV”. Também foram encontradas armas — uma pistola calibre .380, uma carabina .38 e um rifle calibre .22 — munições, rádios comunicadores, notebooks, cadernos de contabilidade, DVRs e R$ 21,2 mil em dinheiro, além de US$ 498. Parte do valor estava escondida em um sofá e tinha forte odor de droga. Wilson (Japonês) se apresentou durante a ação e foi preso em flagrante. A prisão dele foi convertida em preventiva. A investigação concluiu que ele era peça-chave na logística do CV em São Paulo, atuando em parceria com Bode. Wilson, segundo o relatório, era responsável pelo armazenamento de armas, drogas, munições e dinheiro do CV no estado de São Paulo, fornecendo a estrutura que sustentava a atuação criminosa e os conflitos com o PCC em Rio Claro. Investigações continuam A Polícia Civil segue apurando a participação de outros suspeitos na estrutura e em homicídios ocorridos em Rio Claro. Para Hadich, o número de homicídios mostra como o crime organizado ultrapassa fronteiras. “Rio Claro sofre com os mesmos problemas das grandes e médias cidades, especialmente ligados ao tráfico de drogas”, afirmou o delegado. Ele reforça que o apoio da população é essencial: “A polícia é técnica e capacitada, mas precisamos que as pessoas denunciem para chegarmos mais rápido aos autores e evitar novos crimes”. Delegado seccional de Rio Claro, Paulo Hadich g1 São Carlos e Araraquara Rio Claro integra a área do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 9 (Deinter 9), que cobre outras 51 cidades. O diretor do departamento, Kleber Altale, afirma que há uma força-tarefa para conter o avanço do crime organizado. “A Polícia Civil tem fortalecido as investigações em Rio Claro, com apoio do Ministério Público e da Polícia Militar. Estamos somando esforços para dar a melhor resposta possível”, disse. O que dizem os envolvidos Ao g1, a defesa de Leonardo Calixto reiterou que o caso tramita sob segredo de Justiça e considerou improcedentes as acusações contra o cliente. A reportagem também procurou as defesas de Wilson Balbino da Cruz e de Edvaldo Luís Lopes Júnior, mas não obteve resposta até a publicação da notícia. Já o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, não quis se pronunciar em relação às investigações. Leia íntegra da nota divulgada pela defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto: "O escritório Pedroso Advogados Associados, que patrocina a defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto, esclarece que os procedimentos investigativos e processos criminais promovidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo encontram-se em segredo de justiça, o que impede qualquer manifestação específica sobre os eventos neles tratados, assim como sobre relatórios policiais e documentos sigilosos produzidos na investigação. Nada obstante, faz-se consignar serem absolutamente improcedentes as imputações criminais deduzidas pelo parquet, o que restará cabalmente demonstrado nas ações penais, através dos meios de prova admitidos". REVEJA VÍDEOS DA EPTV: qu, a fragilidade desse controle do tráfico, que lá é pulverizado por grupos u, cria novas alianças e rivalidades. Um destes grupos menores é o 'Bonde do Magrelo' Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara
Guerra de facções: território sem 'dono' no tráfico, município de SP vira área de disputa do PCC com CV
Escrito em 11/11/2025
Disputa entre facções eleva número de homicídios em Rio Claro Localização geográfica estratégica e ausência de hegemonia no controle do tráfico de drogas. Essa combinação transformou Rio Claro, cidade de 200 mil habitantes no interior de São Paulo, no território de uma disputa sangrenta entre facções, entre elas, as duas maiores do país: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). 📈A cidade registrou, em 2025, 24 homicídios dolosos, sendo 8 execuções. Os números, da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, indicam um aumento de 26,3% em relação a 2024, e deixam o índice de assassinatos por 100 mil habitantes quase três vezes maior que a média do estado. (veja detalhes da estatística mais abaixo) Investigações e documentos do Ministério Público e da Polícia Civil aos quais o g1 teve acesso sugerem que a escalada nos assassinatos tem relação com o conflito entre as facções. 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram Tráfico sem "dono" O Comando Vermelho comanda o tráfico em 24 dos 27 estados do Brasil. Em São Paulo, esse domínio é do PCC, embora em Rio Claro a facção não esteja consolidada como em outros municípios segundo a polícia. O g1 apurou que há pelo menos três razões centrais associadas à disputa por poder entre facções na cidade: Localização: Rio Claro está cercada por rodovias importantes que facilitam o escoamento de produtos do tráfico, como a Anhanguera, a Bandeirantes e a Washington Luís Histórico: é uma cidade onde historicamente o tráfico não tem um dono exclusivo Sem hegemonia: há ali uma fragilidade da facção dominante no estado, o PCC, que enfrenta conflitos, inclusive, com grupos locais menores Em Rio Claro, a fragilidade desse controle do tráfico, pulverizado por grupos que atuam isoladamente, criou novas alianças e rivalidades. Um desses 'grupos menores' é o 'Bonde do Magrelo', formado por dissidentes do PCC associados ao CV. Segundo a apuração, uma das evidências dessa tentativa de avanço do Comando Vermelho na região foi uma base logística da facção carioca encontrada em março deste ano em Hortolândia, cidade próxima a Rio Claro. O g1 teve acesso a um relatório de inteligência policial que aponta que o local era usado por um integrante do CV como ponto de parada entre Rio Claro e o Rio de Janeiro, e também fornecia a estrutura para a atuação da facção contra o PCC na região. (leia mais abaixo) Violência acima da média Disputa entre facções aumenta número de homicídios em Rio Claro Edição nossa/ Reprodução de câmera de segurança Os 24 assassinatos registrados em Rio Claro em 2025 correspondem a 11,92 homicídios a cada 100 mil habitantes. A média estadual até o momento é quase 4,09. A realidade tem gerado um clima de insegurança entre a população do município da região central do estado (entenda no vídeo acima). A cidade também teve assassinatos acima da média estadual em 2024. Foram 32 homicídios dolosos, com uma taxa de 13,85 homicídios por 100 mil habitantes — mais que o dobro da média paulista (6,1). O índice acendeu um alerta entre as autoridades, destacando uma motivação peculiar em Rio Claro: a briga entre as facções criminosas. “Nós temos as motivações comuns, mas há também homicídios ligados a disputas de espaço e poder entre grupos criminosos”, explicou ao g1 o delegado seccional de Rio Claro, Paulo César Junqueira Hadich. Mais notícias da região: INFOSIGA: Acidentes matam 93 pessoas em 5 cidades da região em 9 meses; Araraquara tem mais mortes ACIDENTE: Mulher morre na SP-340 após moto atingir traseira de carro em Casa Branca FATALIDADE: Idoso morre afogado na Represa do 29 em São Carlos Medo nas ruas 📍Localizada na região central do estado, Rio Claro é conhecida por ter um campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com cursos desenvolvendo importantes pesquisas nas áreas de ciências biológicas e geociências. Além disso, o município soma um PIB per capita de R$ 63,2 mil, tendo como principais motores econômicos a indústria e o agronegócio. Moradores relataram ao g1 o aumento da sensação de insegurança por lá. “A violência aumentou consideravelmente. Dependendo do horário e do local, é preciso ficar muito atento”, disse um morador que vive há 23 anos na cidade. Ele afirmou ter percebido aumento de roubos, inclusive no Centro. A cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo Prefeitura/Divulgação Outra moradora, uma jovem de 22 anos, que também não quis se identificar, diz que se assusta com tantas notícias de homicídios, mas afirma que sempre ouviu falar sobre esse tipo de crime na cidade. "A gente não sabe o motivo, mas sempre tem uma notícia de assassinato. É estranho, né? Porque a cidade é pequena", questionou. "Hoje eu fecho o portão logo às 18h, porque a gente tem medo de acontecer alguma coisa. Só ouve falar dessa violência, de morte, assalto. A gente fica ressabiada, com medo mesmo", relatou Mônica Silveira, de 42 anos, moradora da cidade desde a infância. Hadich reforça que a maior parte dos crimes de homicídio está restrita ao ambiente criminoso, mas admite o risco de atingir inocentes. “A população deve comunicar qualquer fato suspeito à polícia”, orientou. Disputa entre PCC, CV e grupos dissidentes O g1 teve acesso a relatório de inteligência policial apontando que a rivalidade entre o PCC e o CV impulsionou parte da violência em Rio Claro. Crimes de grande repercussão no fim de 2024 — como um quádruplo homicídio em novembro e uma execução dentro de um supermercado em dezembro — foram associados à disputa dessas facções. Vídeo mostra execução no final de 2024, em Rio Claro: Homem é executado a tiros em supermercado de Rio Claro Segundo o relatório, as investigações identificaram Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto (“Bode”) como chefe do CV na região e Edvaldo Luís Lopes Júnior (“Grão”) como seu braço direito. O PCC teria decretado a morte de ambos, fazendo com que “Bode” fugisse para o Rio de Janeiro (RJ). O g1 apurou que o domínio do PCC em Rio Claro é menos consolidado que em outras cidades do estado. Ex-associados do PCC atuam de forma independente e, às vezes, se aliam a grupos menores, como o chamado “Bonde do Magrelo”, o que gera novas rivalidades. Fontes policiais apontam que o PCC estaria priorizando o tráfico internacional e atividades de lavagem de dinheiro, deixando o comércio local para grupos menores e mais voláteis. O delegado Hadich destaca que investigar os crimes é um desafio, e afirma que cerca de 50% dos crimes ligados às disputas criminosas já foram esclarecidos. “Quem executa muitas vezes não é da região, e testemunhas têm medo de falar. Nosso trabalho é técnico e minucioso para transformar informações em provas sólidas”, disse. Homem é executado em supermercado de Rio Claro Reprodução câmera de segurança Base logística do Comando Vermelho O monitoramento de “Grão” levou a polícia até uma chácara em Hortolândia, em março deste ano. O local, segundo o relatório, era usado como ponto de parada em suas viagens entre Rio Claro e o Rio de Janeiro. A propriedade pertence a Wilson Balbino da Cruz, conhecido como “Japonês” ou “JJ”, egresso do sistema prisional com antecedentes por roubo e formação de quadrilha. Ele já havia sido abordado em 2023 na companhia de “Bode”. Veja a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, divulgada na época: Mãe e filho são presos com drogas e armas em sítio em Hortolândia Operação revelou arsenal Durante o cumprimento de mandado judicial na chácara, policiais civis e militares apreenderam 96 quilos de drogas, entre elas 57,1 quilos de cocaína em pasta base, 9,8 quilos de cocaína refinada, 17,9 quilos de lidocaína, 3,9 quilos de resina de haxixe e 4,4 quilos de maconha. Diversas embalagens traziam a inscrição “CV”. Também foram encontradas armas — uma pistola calibre .380, uma carabina .38 e um rifle calibre .22 — munições, rádios comunicadores, notebooks, cadernos de contabilidade, DVRs e R$ 21,2 mil em dinheiro, além de US$ 498. Parte do valor estava escondida em um sofá e tinha forte odor de droga. Wilson (Japonês) se apresentou durante a ação e foi preso em flagrante. A prisão dele foi convertida em preventiva. A investigação concluiu que ele era peça-chave na logística do CV em São Paulo, atuando em parceria com Bode. Wilson, segundo o relatório, era responsável pelo armazenamento de armas, drogas, munições e dinheiro do CV no estado de São Paulo, fornecendo a estrutura que sustentava a atuação criminosa e os conflitos com o PCC em Rio Claro. Investigações continuam A Polícia Civil segue apurando a participação de outros suspeitos na estrutura e em homicídios ocorridos em Rio Claro. Para Hadich, o número de homicídios mostra como o crime organizado ultrapassa fronteiras. “Rio Claro sofre com os mesmos problemas das grandes e médias cidades, especialmente ligados ao tráfico de drogas”, afirmou o delegado. Ele reforça que o apoio da população é essencial: “A polícia é técnica e capacitada, mas precisamos que as pessoas denunciem para chegarmos mais rápido aos autores e evitar novos crimes”. Delegado seccional de Rio Claro, Paulo Hadich g1 São Carlos e Araraquara Rio Claro integra a área do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 9 (Deinter 9), que cobre outras 51 cidades. O diretor do departamento, Kleber Altale, afirma que há uma força-tarefa para conter o avanço do crime organizado. “A Polícia Civil tem fortalecido as investigações em Rio Claro, com apoio do Ministério Público e da Polícia Militar. Estamos somando esforços para dar a melhor resposta possível”, disse. O que dizem os envolvidos Ao g1, a defesa de Leonardo Calixto reiterou que o caso tramita sob segredo de Justiça e considerou improcedentes as acusações contra o cliente. A reportagem também procurou as defesas de Wilson Balbino da Cruz e de Edvaldo Luís Lopes Júnior, mas não obteve resposta até a publicação da notícia. Já o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, não quis se pronunciar em relação às investigações. Leia íntegra da nota divulgada pela defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto: "O escritório Pedroso Advogados Associados, que patrocina a defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto, esclarece que os procedimentos investigativos e processos criminais promovidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo encontram-se em segredo de justiça, o que impede qualquer manifestação específica sobre os eventos neles tratados, assim como sobre relatórios policiais e documentos sigilosos produzidos na investigação. Nada obstante, faz-se consignar serem absolutamente improcedentes as imputações criminais deduzidas pelo parquet, o que restará cabalmente demonstrado nas ações penais, através dos meios de prova admitidos". REVEJA VÍDEOS DA EPTV: qu, a fragilidade desse controle do tráfico, que lá é pulverizado por grupos u, cria novas alianças e rivalidades. Um destes grupos menores é o 'Bonde do Magrelo' Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

