Policiais militares são condenados por estupro coletivo sequestro na Bahia Os policiais militares condenados por estupro e extorsão mediante sequestro por um crime cometido em 2015, em Salvador, chegaram a gravar o momento que cometeram o crime contra uma mulher e depois apagaram. Eles também se recusaram a fazerem o exame de coleta de material genético. Segundo informações de um processo que o g1 e a TV Bahia tiveram acesso com exclusividade, os condenados são os policiais Sergio Luiz Batista Sant’anna, Valter dos Santos Filho, Josival Ribeiro Ferreira e Pablo Vinicius Santos de Cerqueira, que faziam parte da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão). O crime aconteceu em novembro de 2015, no bairro de Mussurunga II. O processo durou 10 anos e ainda cabe recurso. Os policiais ainda não estão presos. A mulher que foi vítima do estupro e o namorado dela, que foi extorquido pelos PMs, relataram terem sofridos ameaças durante o processo, e precisaram se mudar por segurança. Veja abaixo a quais crimes os policiais foram denunciados: 1° Sargento da PM RR, Valter dos Santos Filho (apontado como o que planejou e orquestrou a ação): foi condenado a 33 anos e 4 meses de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da PM RR, Valter dos Santos Filho Arquivo Pessoal Cabo da Polícia Militar, Josival Ribeiro Ferreira: foi condenado a 32 anos, 3 meses e 16 dias de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da Polícia Militar, Sergio Luiz Batista Sant’anna: foi condenado a 18 anos, 11 meses e 16 dias de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da Polícia Militar, Sergio Luiz Batista Sant’anna Arquivo Pessoal Soldado da Polícia Militar, Pablo Vinicius Santos de Cerqueira: foi condenado a 7 anos, 9 meses e 16 dias de prisão por extorsão mediante sequestro. Soldado da Polícia Militar, Pablo Vinicius Santos de Cerqueira: Arquivo Pessoal Extorsão e estupro PMs são condenados por estupro coletivo sequestro Segundo o documento, os policiais chegaram no imóvel do casal, na madrugada de 30 de novembro, em duas viaturas. Eles entraram no imóvel sem mandados de busca e apreensão, nem de prisão. O casal estava deitado, sem roupas, dentro do quarto. O homem foi levado para uma das viaturas e a mulher ficou com parte do policiais. Neste momento, o homem, que é apontado como suspeito de tráfico drogas, foi obrigado a apontar onde estavam armas e entorpecentes, que ele dizia não ter. Na denúncia, o MP-BA afirma que os policiais chegaram no local com um saco verde, que tinha uma balança e algumas drogas. Eles ameaçaram colocar o objeto em uma bolsa da família, se o casal não fizesse a transferência de R$ 5 mil. O homem ficou na viatura com os policiais entre 1h30 e 6h30. A vítima relatou que ele não foi levado para a delegacia e sim para o posto policial da 49ª CIPM, onde foi torturado e ameaçado em uma cela. Parte do depoimento da mulher Reprodução/TV Bahia Enquanto isso, a mulher foi agredida e violentada sexualmente em uma casa vizinha, que estavam em construção. Ela relatou que um dos policiais encontrou um cabo de vassoura no local e introduzir o objeto nela. No entanto, um outro PM disse que ele "não precisava fazer isso". A vítima disse que Valter dos Santos Filho, Sergio Luiz Batista Sant’anna, Josival Ribeiro Ferreira se revezaram na prática de sexo oral, conjunção carnal e penetração anal contra ela. Afirmou ainda que eles não usaram preservativos, tendo ejaculado pelos cômodos da casa, e só pararam de cometer o crime quando foram chamados por outro militar que estava fora do imóvel. Ela disse que foi liberada após um dos policiais falar que eles iam simular que ela teria "fugido" de uma abordagem. Ameaças contra o pai do homem A denúncia do MP-BA afirma que enquanto o casal estava na mira dos policiais, o pai do homem foi ameaçado através de uma ligação. Ele combinou com os policiais que faria a transferência de R$1.500 para que o filho fosse libertado. No entanto, ele não fez o pagamento e se apresentou na Corregedoria da Polícia Militar, no bairro da Pituba, e fez uma denúncia. Com isso, dois inquéritos policiais foram abertos: um para investigar os fatos e o outro sobre as condutas dos policiais. Elementos probatórios O inquérito da Polícia Militar reuniu elementos como escalas de serviço, laudos periciais, relatório de deslocamento da viatura, depoimentos de testemunhas e da vítima, reconhecimento fotográfico, entre outros. Na casa em que o estupro aconteceu, foram encontrados vestígio de sêmen na parede do quarto, vômito apontado pela vítima, e uma vassoura que quase foi usada durante o crime. A mulher passou ainda por exames de corpo de delito, que apontou a existência de escoriações no cotovelo direito e tornozelo direito. Os celulares de Sergio Luiz e Josival Ribeiro foram periciados. Neles, foram encontrados seis fotos da mulher nua e um vídeo do momento em que ela fazia sexo oral em um deles. Os arquivos estavam deletados e foram criados no dia do crime, nos horários apontados pela vítima como os de quando aconteceu o crime. Em depoimento, os moradores ainda relataram que essa não foi a primeira vez que eles foram abordados por esses policiais. Disseram que cerca de dois meses antes, eles foram ameaçados e a mulher foi tocada nos peitos e nas nádegas. Eles acreditam que essa segunda vez aconteceu por represália, já que na época, o casal decidiu registrar o caso na delegacia. O que diz a Polícia Militar Em nota, a Polícia Militar informou que não se manifesta sobre decisões judiciais referentes a processos conduzidos pelo Ministério Público e pela Justiça. Reafirmou ainda que todas as denúncias envolvendo policiais militares são apuradas com rigor na esfera administrativa, de forma independente das investigações penais, adotando as medidas cabíveis sempre que identificadas condutas incompatíveis com os valores e deveres da instituição. A Polícia Militar destacou também que tem compromisso com a ética, legalidade e transparência, "assegurando à sociedade baiana que desvios individuais não refletem o trabalho diário realizado pela ampla maioria dos homens e mulheres que integram a corporação". Reportagem em atualização
Policiais condenados por estupro na Bahia gravaram crime contra mulher e depois apagaram arquivos
Escrito em 04/12/2025
Policiais militares são condenados por estupro coletivo sequestro na Bahia Os policiais militares condenados por estupro e extorsão mediante sequestro por um crime cometido em 2015, em Salvador, chegaram a gravar o momento que cometeram o crime contra uma mulher e depois apagaram. Eles também se recusaram a fazerem o exame de coleta de material genético. Segundo informações de um processo que o g1 e a TV Bahia tiveram acesso com exclusividade, os condenados são os policiais Sergio Luiz Batista Sant’anna, Valter dos Santos Filho, Josival Ribeiro Ferreira e Pablo Vinicius Santos de Cerqueira, que faziam parte da 49ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão). O crime aconteceu em novembro de 2015, no bairro de Mussurunga II. O processo durou 10 anos e ainda cabe recurso. Os policiais ainda não estão presos. A mulher que foi vítima do estupro e o namorado dela, que foi extorquido pelos PMs, relataram terem sofridos ameaças durante o processo, e precisaram se mudar por segurança. Veja abaixo a quais crimes os policiais foram denunciados: 1° Sargento da PM RR, Valter dos Santos Filho (apontado como o que planejou e orquestrou a ação): foi condenado a 33 anos e 4 meses de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da PM RR, Valter dos Santos Filho Arquivo Pessoal Cabo da Polícia Militar, Josival Ribeiro Ferreira: foi condenado a 32 anos, 3 meses e 16 dias de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da Polícia Militar, Sergio Luiz Batista Sant’anna: foi condenado a 18 anos, 11 meses e 16 dias de prisão por estupro e extorsão mediante sequestro. 1° Sargento da Polícia Militar, Sergio Luiz Batista Sant’anna Arquivo Pessoal Soldado da Polícia Militar, Pablo Vinicius Santos de Cerqueira: foi condenado a 7 anos, 9 meses e 16 dias de prisão por extorsão mediante sequestro. Soldado da Polícia Militar, Pablo Vinicius Santos de Cerqueira: Arquivo Pessoal Extorsão e estupro PMs são condenados por estupro coletivo sequestro Segundo o documento, os policiais chegaram no imóvel do casal, na madrugada de 30 de novembro, em duas viaturas. Eles entraram no imóvel sem mandados de busca e apreensão, nem de prisão. O casal estava deitado, sem roupas, dentro do quarto. O homem foi levado para uma das viaturas e a mulher ficou com parte do policiais. Neste momento, o homem, que é apontado como suspeito de tráfico drogas, foi obrigado a apontar onde estavam armas e entorpecentes, que ele dizia não ter. Na denúncia, o MP-BA afirma que os policiais chegaram no local com um saco verde, que tinha uma balança e algumas drogas. Eles ameaçaram colocar o objeto em uma bolsa da família, se o casal não fizesse a transferência de R$ 5 mil. O homem ficou na viatura com os policiais entre 1h30 e 6h30. A vítima relatou que ele não foi levado para a delegacia e sim para o posto policial da 49ª CIPM, onde foi torturado e ameaçado em uma cela. Parte do depoimento da mulher Reprodução/TV Bahia Enquanto isso, a mulher foi agredida e violentada sexualmente em uma casa vizinha, que estavam em construção. Ela relatou que um dos policiais encontrou um cabo de vassoura no local e introduzir o objeto nela. No entanto, um outro PM disse que ele "não precisava fazer isso". A vítima disse que Valter dos Santos Filho, Sergio Luiz Batista Sant’anna, Josival Ribeiro Ferreira se revezaram na prática de sexo oral, conjunção carnal e penetração anal contra ela. Afirmou ainda que eles não usaram preservativos, tendo ejaculado pelos cômodos da casa, e só pararam de cometer o crime quando foram chamados por outro militar que estava fora do imóvel. Ela disse que foi liberada após um dos policiais falar que eles iam simular que ela teria "fugido" de uma abordagem. Ameaças contra o pai do homem A denúncia do MP-BA afirma que enquanto o casal estava na mira dos policiais, o pai do homem foi ameaçado através de uma ligação. Ele combinou com os policiais que faria a transferência de R$1.500 para que o filho fosse libertado. No entanto, ele não fez o pagamento e se apresentou na Corregedoria da Polícia Militar, no bairro da Pituba, e fez uma denúncia. Com isso, dois inquéritos policiais foram abertos: um para investigar os fatos e o outro sobre as condutas dos policiais. Elementos probatórios O inquérito da Polícia Militar reuniu elementos como escalas de serviço, laudos periciais, relatório de deslocamento da viatura, depoimentos de testemunhas e da vítima, reconhecimento fotográfico, entre outros. Na casa em que o estupro aconteceu, foram encontrados vestígio de sêmen na parede do quarto, vômito apontado pela vítima, e uma vassoura que quase foi usada durante o crime. A mulher passou ainda por exames de corpo de delito, que apontou a existência de escoriações no cotovelo direito e tornozelo direito. Os celulares de Sergio Luiz e Josival Ribeiro foram periciados. Neles, foram encontrados seis fotos da mulher nua e um vídeo do momento em que ela fazia sexo oral em um deles. Os arquivos estavam deletados e foram criados no dia do crime, nos horários apontados pela vítima como os de quando aconteceu o crime. Em depoimento, os moradores ainda relataram que essa não foi a primeira vez que eles foram abordados por esses policiais. Disseram que cerca de dois meses antes, eles foram ameaçados e a mulher foi tocada nos peitos e nas nádegas. Eles acreditam que essa segunda vez aconteceu por represália, já que na época, o casal decidiu registrar o caso na delegacia. O que diz a Polícia Militar Em nota, a Polícia Militar informou que não se manifesta sobre decisões judiciais referentes a processos conduzidos pelo Ministério Público e pela Justiça. Reafirmou ainda que todas as denúncias envolvendo policiais militares são apuradas com rigor na esfera administrativa, de forma independente das investigações penais, adotando as medidas cabíveis sempre que identificadas condutas incompatíveis com os valores e deveres da instituição. A Polícia Militar destacou também que tem compromisso com a ética, legalidade e transparência, "assegurando à sociedade baiana que desvios individuais não refletem o trabalho diário realizado pela ampla maioria dos homens e mulheres que integram a corporação". Reportagem em atualização

