Maduro e Trump em fotos de arquivo Reuters O governo da Venezuela rejeitou nesta segunda-feira (24) o que chamou de plano "ridículo" dos Estados Unidos de designar o Cartel de Los Soles como organização terrorista. O regime Maduro também voltou a negar a existência do cartel de drogas, que deve ter seu status oficial alterado por Washington nas próximas horas. “A Venezuela rejeita categórica, firme e absolutamente a nova e ridícula fabricação do secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, que designa o inexistente Cartel de Los Soles como organização terrorista”, escreveu o chanceler venezuelano Yvan Gil em seu canal no Telegram. Segundo Gil, a medida configura "clássico formato de mudança de regime" e fracassará. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O secretário Rubio disse no início deste mês que o país classificaria nesta segunda-feira o Cartel de Los Soles como uma organização terrorista estrangeira por seu suposto papel na entrada de drogas ilegais nos Estados Unidos. Segundo o governo Trump, que acusa o presidente Nicolás Maduro de liderar o cartel, a designação abriria uma série de opções contra o grupo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou anteriormente que faria ataques na Venezuela, mas também afirmou que "todas as opções" estão sobre a mesa. Trump é conhecido por mudar de opinião ou tomar ações que vão contra suas falas públicas. Funcionários do governo Trump afirmaram à agência de notícias Reuters que o país está prestes a lançar uma nova fase de operações na Venezuela. (Leia mais abaixo) Trump fala em diálogo com a Venezuela, mas não descarta uma invasão Desde setembro, os EUA aumentaram sua presença militar na área e enviaram oito navios de guerra, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, que chegou a águas do Caribe na semana passada. A classificação, segundo Trump, daria aos EUA o poder de atacar alvos ligados a Maduro em território venezuelano. O secretário de Guera dos EUA, Pete Hegseth, disse na semana passada que a designação "traz uma série de novas opções para os Estados Unidos". O governo Trump alega que a operação é voltada apenas a combater o narcotráfico na área. Desde o começo da ação, as forças americanas na região realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, matando 83 pessoas. Grupo de ataque USS Gerald Ford navega em formação na região da América Latina do Oceano Atlântico em 13 de novembro de 2025. Divulgação/Marinha dos Estados Unidos O Cartel de los Soles existe? As conclusões do governo norte-americano são contestadas, no entanto, por quem pesquisa o assunto. Para especialistas, Maduro não seria o cabeça da organização, porque o Cartel de los Soles não é um grupo com uma hierarquia definida, mas uma “rede de redes” que facilita o tráfico de drogas e lucra com ele, composta de membros das mais diversas patentes militares e estratos políticos da Venezuela. Apesar disso, há indícios de que Maduro, mesmo não sendo o líder, é um dos principais beneficiários de uma “governança criminal híbrida” que ele ajudou a instalar no país. Soldados ajoelhados durante exercícios militares em La Orchila, ilha do Caribe na costa da Venezuela, em 17 de setembro de 2025. Reuters A definição vem do trabalho de Jeremy McDermott, cofundador e codiretor do InSight Crime, uma fundação que estuda o crime organizado nas Américas, já ouvidas por jornais como "The New York Times", o "The Washington Post" e "The Guardian". Para ele, o Cartel de los Soles não é uma organização centralizada como alguns de seus “irmãos” mais famosos, como o Cartel de Sinaloa de “El Chapo” Guzmán ou o Cartel de Medellín, de Pablo Escobar. Maduro e os chavistas, ele diz, não controlam o tráfico e se beneficiam da compra e venda de cocaína, mas distribuem concessões a militares e aliados, em troca de sua manutenção no poder (leia mais abaixo). McDermott viveu e trabalhou em Medellín, na Colômbia, por 25 anos, analisando os cartéis de drogas que atuam na região. Origem do nome Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. AFP/Jim Watson O nome “Cartel de los Soles” não foi dado pelos próprios integrantes, e eles provavelmente se identificam como parte do grupo, nesses termos, segundo o pesquisador. “O nome Cartel de los Soles foi cunhado pela mídia, primeiro para descrever elementos corruptos da Guarda Nacional da Venezuela que estavam envolvidos no tráfico de drogas”, explica McDermott. Ele foi usado pela primeira vez em 1993, na época dos julgamentos dos generais da divisão antidrogas Ramón Guillén Davila e Orlando Hernández Villegas, acusados de ligações com o tráfico. O nome vem das insígnias militares usadas pelos generais venezuelanos. “O termo tem sido usado desde então para descrever todas as atividades de tráfico de drogas enraizadas no Estado e foi usado pelo Departamento de Justiça dos EUA na acusação que incluiu Nicolás Maduro”, completa o pesquisador. Suas origens, portanto, são anteriores à eleição que marcou a ascensão de Hugo Chávez ao poder no país, em 1999.
'Ridículo', diz governo Maduro sobre plano dos EUA de colocar Cartel de Los Soles em lista de grupos terroristas
Escrito em 24/11/2025
Maduro e Trump em fotos de arquivo Reuters O governo da Venezuela rejeitou nesta segunda-feira (24) o que chamou de plano "ridículo" dos Estados Unidos de designar o Cartel de Los Soles como organização terrorista. O regime Maduro também voltou a negar a existência do cartel de drogas, que deve ter seu status oficial alterado por Washington nas próximas horas. “A Venezuela rejeita categórica, firme e absolutamente a nova e ridícula fabricação do secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, que designa o inexistente Cartel de Los Soles como organização terrorista”, escreveu o chanceler venezuelano Yvan Gil em seu canal no Telegram. Segundo Gil, a medida configura "clássico formato de mudança de regime" e fracassará. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O secretário Rubio disse no início deste mês que o país classificaria nesta segunda-feira o Cartel de Los Soles como uma organização terrorista estrangeira por seu suposto papel na entrada de drogas ilegais nos Estados Unidos. Segundo o governo Trump, que acusa o presidente Nicolás Maduro de liderar o cartel, a designação abriria uma série de opções contra o grupo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou anteriormente que faria ataques na Venezuela, mas também afirmou que "todas as opções" estão sobre a mesa. Trump é conhecido por mudar de opinião ou tomar ações que vão contra suas falas públicas. Funcionários do governo Trump afirmaram à agência de notícias Reuters que o país está prestes a lançar uma nova fase de operações na Venezuela. (Leia mais abaixo) Trump fala em diálogo com a Venezuela, mas não descarta uma invasão Desde setembro, os EUA aumentaram sua presença militar na área e enviaram oito navios de guerra, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, que chegou a águas do Caribe na semana passada. A classificação, segundo Trump, daria aos EUA o poder de atacar alvos ligados a Maduro em território venezuelano. O secretário de Guera dos EUA, Pete Hegseth, disse na semana passada que a designação "traz uma série de novas opções para os Estados Unidos". O governo Trump alega que a operação é voltada apenas a combater o narcotráfico na área. Desde o começo da ação, as forças americanas na região realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, matando 83 pessoas. Grupo de ataque USS Gerald Ford navega em formação na região da América Latina do Oceano Atlântico em 13 de novembro de 2025. Divulgação/Marinha dos Estados Unidos O Cartel de los Soles existe? As conclusões do governo norte-americano são contestadas, no entanto, por quem pesquisa o assunto. Para especialistas, Maduro não seria o cabeça da organização, porque o Cartel de los Soles não é um grupo com uma hierarquia definida, mas uma “rede de redes” que facilita o tráfico de drogas e lucra com ele, composta de membros das mais diversas patentes militares e estratos políticos da Venezuela. Apesar disso, há indícios de que Maduro, mesmo não sendo o líder, é um dos principais beneficiários de uma “governança criminal híbrida” que ele ajudou a instalar no país. Soldados ajoelhados durante exercícios militares em La Orchila, ilha do Caribe na costa da Venezuela, em 17 de setembro de 2025. Reuters A definição vem do trabalho de Jeremy McDermott, cofundador e codiretor do InSight Crime, uma fundação que estuda o crime organizado nas Américas, já ouvidas por jornais como "The New York Times", o "The Washington Post" e "The Guardian". Para ele, o Cartel de los Soles não é uma organização centralizada como alguns de seus “irmãos” mais famosos, como o Cartel de Sinaloa de “El Chapo” Guzmán ou o Cartel de Medellín, de Pablo Escobar. Maduro e os chavistas, ele diz, não controlam o tráfico e se beneficiam da compra e venda de cocaína, mas distribuem concessões a militares e aliados, em troca de sua manutenção no poder (leia mais abaixo). McDermott viveu e trabalhou em Medellín, na Colômbia, por 25 anos, analisando os cartéis de drogas que atuam na região. Origem do nome Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. AFP/Jim Watson O nome “Cartel de los Soles” não foi dado pelos próprios integrantes, e eles provavelmente se identificam como parte do grupo, nesses termos, segundo o pesquisador. “O nome Cartel de los Soles foi cunhado pela mídia, primeiro para descrever elementos corruptos da Guarda Nacional da Venezuela que estavam envolvidos no tráfico de drogas”, explica McDermott. Ele foi usado pela primeira vez em 1993, na época dos julgamentos dos generais da divisão antidrogas Ramón Guillén Davila e Orlando Hernández Villegas, acusados de ligações com o tráfico. O nome vem das insígnias militares usadas pelos generais venezuelanos. “O termo tem sido usado desde então para descrever todas as atividades de tráfico de drogas enraizadas no Estado e foi usado pelo Departamento de Justiça dos EUA na acusação que incluiu Nicolás Maduro”, completa o pesquisador. Suas origens, portanto, são anteriores à eleição que marcou a ascensão de Hugo Chávez ao poder no país, em 1999.

