Novo moai, estátua típica da Ilha de Páscoa, é descoberto em lago seco Um novo mapeamento digital das grandes figuras de pedra da Ilha de Páscoa, no Pacífico, indica que elas foram produzidas por diversos grupos familiares, e não por uma liderança central. A análise, publicada nesta quarta-feira (26) na revista "PLOS One", identificou dezenas de áreas independentes de trabalho no ponto onde essas esculturas começaram a tomar forma. Conhecidos como moais, esses monumentos gigantes foram talhados pelos habitantes de Rapa Nui (nativos polinésios da ilha) a partir de cerca do século 13. Estimativas arqueológicas apontam que a produção se estendeu por aproximadamente 500 anos, com um pico de atividade entre 1400 e 1600. Hoje são conhecidas aproximadamente 900 estátuas. A maior parte delas teve origem em Rano Raraku, uma encosta vulcânica que concentra o principal tipo de rocha usado nas esculturas, um mineral arenoso relativamente macio quando recém-exposto ao ar e que endurece com o tempo. Era nesse local que era feita a “talha” das figuras, etapa em que o bloco bruto era moldado até ganhar o rosto alongado, as sobrancelhas marcadas e o corpo característico dos moais. Por isso, para entender como esse trabalho era organizado, os pesquisadores reuniram mais de 11 mil imagens aéreas captadas por drones e reconstruíram Rano Raraku em três dimensões. O resultado foi um modelo digital de alta resolução que funciona como uma espécie de “raio X” do local, com centenas de esculturas em diferentes fases de produção, desde esboços ainda presos na rocha até figuras quase finalizadas que nunca foram removidas. Com isso, ao analisar esse mosaico, a equipe identificou 30 áreas independentes de atividade, cada uma com marcas específicas de ferramentas, esculturas inacabadas e padrões próprios de corte. Segundo os pesquisadores, esses são sinais que indicam estilos diferentes de trabalho. “Grande parte do chamado ‘mistério’ de Rapa Nui decorre da falta de evidências detalhadas e abertamente disponíveis que permitam aos pesquisadores avaliar hipóteses e construir explicações sólidas", disseram os pesquisadores no artigo. "Neste estudo, apresentamos o primeiro modelo 3D de alta resolução da pedreira de moai em Rano Raraku — a principal fonte de quase mil estátuas —, trazendo novas pistas sobre como esses gigantes megalíticos eram organizados e produzidos.” Os moais são feitos de tufo, uma rocha vulcânica composta principalmente por cinzas compactadas. Wikimedia/Domínio Público Da pedreira à costa O novo trabalho confirma hipóteses que pesquisadores já levantavam desde o início dos anos 2000, mas agora com um conjunto de dados muito mais robusto e com o mapeamento exato de onde cada frente de trabalho se concentrava. Estudos anteriores já sugeriam que Rapa Nui era organizada em clãs que ocupavam trechos específicos da ilha, mas o modelo em 3D ajuda a visualizar como essa divisão também aparece dentro da pedreira. A comparação também ajuda a entender por que tantas estátuas parecem parecidas. Antes, essa semelhança era interpretada como sinal de um comando central. O novo estudo indica um cenário mais simples: os grupos trocavam técnicas entre si. Modelo 3D do Rano Raraku, criado a partir de 11.686 imagens de drones, mostra como as áreas de produção dos moais se distribuíam pela pedreira. Lipo et al., 2025, PLOS One Os autores dizem ainda que o modelo digital pode jogar luz sobre outros pontos que vinham sendo debatidos. Um deles é o transporte das estátuas. A distribuição das bases encontradas na pedreira e ao longo das antigas rotas coincide com pesquisas que propõem que parte dos moais foi movida na vertical, com cordas que faziam a figura avançar em pequenos passos. Esses testes já vinham sendo reproduzidos em experimentos nos últimos anos. LEIA TAMBÉM: FORMAÇÕES ATÍPICAS: Sonda da Nasa flagra dunas de areia 'atípicas' em Marte DE VOLTA À LUA: Pela 1ª vez, Nasa terá um homem negro e uma mulher como astronautas em missão EM 2026: Nasa acompanha trajetória de asteroide que tem chance 'muito pequena' de atingir a Terra A África está se partindo? Estudo revela como novo oceano pode separar o continente
Estátuas da Ilha de Páscoa foram esculpidas por dezenas de grupos independentes, indica estudo inédito
Escrito em 26/11/2025
Novo moai, estátua típica da Ilha de Páscoa, é descoberto em lago seco Um novo mapeamento digital das grandes figuras de pedra da Ilha de Páscoa, no Pacífico, indica que elas foram produzidas por diversos grupos familiares, e não por uma liderança central. A análise, publicada nesta quarta-feira (26) na revista "PLOS One", identificou dezenas de áreas independentes de trabalho no ponto onde essas esculturas começaram a tomar forma. Conhecidos como moais, esses monumentos gigantes foram talhados pelos habitantes de Rapa Nui (nativos polinésios da ilha) a partir de cerca do século 13. Estimativas arqueológicas apontam que a produção se estendeu por aproximadamente 500 anos, com um pico de atividade entre 1400 e 1600. Hoje são conhecidas aproximadamente 900 estátuas. A maior parte delas teve origem em Rano Raraku, uma encosta vulcânica que concentra o principal tipo de rocha usado nas esculturas, um mineral arenoso relativamente macio quando recém-exposto ao ar e que endurece com o tempo. Era nesse local que era feita a “talha” das figuras, etapa em que o bloco bruto era moldado até ganhar o rosto alongado, as sobrancelhas marcadas e o corpo característico dos moais. Por isso, para entender como esse trabalho era organizado, os pesquisadores reuniram mais de 11 mil imagens aéreas captadas por drones e reconstruíram Rano Raraku em três dimensões. O resultado foi um modelo digital de alta resolução que funciona como uma espécie de “raio X” do local, com centenas de esculturas em diferentes fases de produção, desde esboços ainda presos na rocha até figuras quase finalizadas que nunca foram removidas. Com isso, ao analisar esse mosaico, a equipe identificou 30 áreas independentes de atividade, cada uma com marcas específicas de ferramentas, esculturas inacabadas e padrões próprios de corte. Segundo os pesquisadores, esses são sinais que indicam estilos diferentes de trabalho. “Grande parte do chamado ‘mistério’ de Rapa Nui decorre da falta de evidências detalhadas e abertamente disponíveis que permitam aos pesquisadores avaliar hipóteses e construir explicações sólidas", disseram os pesquisadores no artigo. "Neste estudo, apresentamos o primeiro modelo 3D de alta resolução da pedreira de moai em Rano Raraku — a principal fonte de quase mil estátuas —, trazendo novas pistas sobre como esses gigantes megalíticos eram organizados e produzidos.” Os moais são feitos de tufo, uma rocha vulcânica composta principalmente por cinzas compactadas. Wikimedia/Domínio Público Da pedreira à costa O novo trabalho confirma hipóteses que pesquisadores já levantavam desde o início dos anos 2000, mas agora com um conjunto de dados muito mais robusto e com o mapeamento exato de onde cada frente de trabalho se concentrava. Estudos anteriores já sugeriam que Rapa Nui era organizada em clãs que ocupavam trechos específicos da ilha, mas o modelo em 3D ajuda a visualizar como essa divisão também aparece dentro da pedreira. A comparação também ajuda a entender por que tantas estátuas parecem parecidas. Antes, essa semelhança era interpretada como sinal de um comando central. O novo estudo indica um cenário mais simples: os grupos trocavam técnicas entre si. Modelo 3D do Rano Raraku, criado a partir de 11.686 imagens de drones, mostra como as áreas de produção dos moais se distribuíam pela pedreira. Lipo et al., 2025, PLOS One Os autores dizem ainda que o modelo digital pode jogar luz sobre outros pontos que vinham sendo debatidos. Um deles é o transporte das estátuas. A distribuição das bases encontradas na pedreira e ao longo das antigas rotas coincide com pesquisas que propõem que parte dos moais foi movida na vertical, com cordas que faziam a figura avançar em pequenos passos. Esses testes já vinham sendo reproduzidos em experimentos nos últimos anos. LEIA TAMBÉM: FORMAÇÕES ATÍPICAS: Sonda da Nasa flagra dunas de areia 'atípicas' em Marte DE VOLTA À LUA: Pela 1ª vez, Nasa terá um homem negro e uma mulher como astronautas em missão EM 2026: Nasa acompanha trajetória de asteroide que tem chance 'muito pequena' de atingir a Terra A África está se partindo? Estudo revela como novo oceano pode separar o continente