O Banco Central (BC) avaliou que a liquidação extrajudicial de instituições do conglomerado Master não traz risco ao sistema financeiro nacional. Entretanto, enfatizou a necessidade de que as instituições aprimorem seus sistemas de riscos o que "inclui processos robustos de resposta a incidentes cibernéticos". As informações constam na ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), divulgada nesta quarta-feira (26). Segundo o BC, o conglomerado Master representa 0,57% do ativo total e 0,55% das captações totais do sistema financeiro nacional (leia mais abaixo). Veja os vídeos que estão em alta no g1 "O Comitê registra que a avaliação sobre a imposição de regimes de resolução a instituições financeiras deve considerar a normalidade da economia pública e a preservação dos interesses dos depositantes, investidores e demais credores", mencionou o BC. "No caso específico, a decretação do Raet [Regime de Administração Especial Temporária] no Banco Master Múltiplo S.A. permite o funcionamento regular da sua controlada Will Financeira S.A. CFI, enquanto se encontram em curso negociações que buscam preservar a atividade dessa instituição", acrescentou a instituição. 🔎Regimes de resolução ocorrem quando uma instituição financeira apresenta grave comprometimento do seu patrimônio ou dificuldade de honrar seus compromissos, o Banco Central (BC) pode determinar aos seus controladores que aportem os recursos necessários, transfiram o controle, reorganizem a sociedade ou adotem medidas de recuperação. 🔎Regime de Administração Especial Temporária é adotado quando a instituição, em razão do seu porte ou complexidade operacional, desempenha funções críticas para a economia real ou a quando a paralisação abrupta do seu funcionamento possa causar riscos à estabilidade financeira. Anunciada na semana passada, a liquidação do conglomerado, e a prisão de Daniel Vorcaro, dono da instituição, representam o capítulo final de uma série de polêmicas que já envolviam o banco. RELEMBRE: Justiça Federal mantém prisão de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master 🔎A instituição financeira já operava sob risco de falência por causa do alto custo de captação e da exposição a investimentos considerados arriscados, com juros muito acima do padrão de mercado. Tentativas de venda, como a proposta do Banco de Brasília (BRB), não avançaram. Todas foram interrompidas por questionamentos de órgãos de controle, falta de transparência, pressões políticas e menções ao Master em investigações. Na véspera da liquidação, a instituição recebeu outra oferta: a holding Fictor e um consórcio de investidores dos Emirados Árabes Unidos propuseram um aporte imediato de R$ 3 bilhões e a compra das ações do fundador Daniel Vorcaro, excluindo o Will Bank e o Master Investimentos. Nesta semana, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária seguiu todo "procedimento legal demandado", identificando as irregularidades e comunicando-as aos órgãos competentes, como a Polícia Federal e o Ministério Público, responsáveis por levar adiante as investigações. Banqueiro Daniel Vorcaro e 3 diretores do Banco Master são presos em operação da PF Ataques cibernéticos No caso dos ataques cibernéticos, o BC informou que merecem especial atenção a crescente dependência de serviços prestados por terceiros e o uso disseminado de APIs [conjunto de protocolos], em "muitos casos sem a devida avaliação periódica dos riscos e sem monitoramento operacional adequado, o que torna a gestão de riscos mais desafiadora". "O Comitê enfatiza a importância do desenvolvimento de ecossistemas resilientes, com mecanismos dedicados à gestão de incidentes, crises e prevenção a fraudes, considerando os requisitos operacionais específicos", informou, por meio da ata do Comef. A autoridade monetária observou, ainda, que alterações recentes nas regras contribuem para fortalecer a segurança e a resiliência do sistema financeiro, tais como: limites para transferências via PIX e regras mais rígidas para autorização de novas instituições; rejeição transferências que tenham como destinatárias contas com "fundada suspeita de envolvimento em fraude"; fim do uso irregular das chamadas "contas bolsão". Sede do Banco Master Divulgação/Banco Master Ataques nos últimos meses Em julho, o Banco Central informou que a C&M Software — empresa que presta serviços tecnológicos e conecta instituições financeiras ao BC — comunicou ter sido alvo de um ataque à sua infraestrutura. Em setembro, a fintech Monbank informou que foi alvo de um ataque hacker que resultou no desvio de R$ 4,9 milhões. Segundo a instituição, nenhuma conta de clientes foi comprometida, e R$ 4,7 milhões já foram recuperados. Também em setembro, a Sinqia, empresa responsável por conectar bancos ao sistema PIX, informou que um ataque hacker provocou o desvio de aproximadamente R$ 710 milhões em transações não autorizadas. Megaoperação realizada em agosto desarticulou um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis identificou o uso de ao menos 40 fundos de investimento e diversas fintechs. O esquema era comandado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As instituições eram utilizadas para lavar dinheiro, mascarar transações e ocultar patrimônio.
BC diz que liquidação do banco Master não representa risco ao sistema financeiro, mas cita ataques cibernéticos
Escrito em 26/11/2025
O Banco Central (BC) avaliou que a liquidação extrajudicial de instituições do conglomerado Master não traz risco ao sistema financeiro nacional. Entretanto, enfatizou a necessidade de que as instituições aprimorem seus sistemas de riscos o que "inclui processos robustos de resposta a incidentes cibernéticos". As informações constam na ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), divulgada nesta quarta-feira (26). Segundo o BC, o conglomerado Master representa 0,57% do ativo total e 0,55% das captações totais do sistema financeiro nacional (leia mais abaixo). Veja os vídeos que estão em alta no g1 "O Comitê registra que a avaliação sobre a imposição de regimes de resolução a instituições financeiras deve considerar a normalidade da economia pública e a preservação dos interesses dos depositantes, investidores e demais credores", mencionou o BC. "No caso específico, a decretação do Raet [Regime de Administração Especial Temporária] no Banco Master Múltiplo S.A. permite o funcionamento regular da sua controlada Will Financeira S.A. CFI, enquanto se encontram em curso negociações que buscam preservar a atividade dessa instituição", acrescentou a instituição. 🔎Regimes de resolução ocorrem quando uma instituição financeira apresenta grave comprometimento do seu patrimônio ou dificuldade de honrar seus compromissos, o Banco Central (BC) pode determinar aos seus controladores que aportem os recursos necessários, transfiram o controle, reorganizem a sociedade ou adotem medidas de recuperação. 🔎Regime de Administração Especial Temporária é adotado quando a instituição, em razão do seu porte ou complexidade operacional, desempenha funções críticas para a economia real ou a quando a paralisação abrupta do seu funcionamento possa causar riscos à estabilidade financeira. Anunciada na semana passada, a liquidação do conglomerado, e a prisão de Daniel Vorcaro, dono da instituição, representam o capítulo final de uma série de polêmicas que já envolviam o banco. RELEMBRE: Justiça Federal mantém prisão de Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master 🔎A instituição financeira já operava sob risco de falência por causa do alto custo de captação e da exposição a investimentos considerados arriscados, com juros muito acima do padrão de mercado. Tentativas de venda, como a proposta do Banco de Brasília (BRB), não avançaram. Todas foram interrompidas por questionamentos de órgãos de controle, falta de transparência, pressões políticas e menções ao Master em investigações. Na véspera da liquidação, a instituição recebeu outra oferta: a holding Fictor e um consórcio de investidores dos Emirados Árabes Unidos propuseram um aporte imediato de R$ 3 bilhões e a compra das ações do fundador Daniel Vorcaro, excluindo o Will Bank e o Master Investimentos. Nesta semana, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária seguiu todo "procedimento legal demandado", identificando as irregularidades e comunicando-as aos órgãos competentes, como a Polícia Federal e o Ministério Público, responsáveis por levar adiante as investigações. Banqueiro Daniel Vorcaro e 3 diretores do Banco Master são presos em operação da PF Ataques cibernéticos No caso dos ataques cibernéticos, o BC informou que merecem especial atenção a crescente dependência de serviços prestados por terceiros e o uso disseminado de APIs [conjunto de protocolos], em "muitos casos sem a devida avaliação periódica dos riscos e sem monitoramento operacional adequado, o que torna a gestão de riscos mais desafiadora". "O Comitê enfatiza a importância do desenvolvimento de ecossistemas resilientes, com mecanismos dedicados à gestão de incidentes, crises e prevenção a fraudes, considerando os requisitos operacionais específicos", informou, por meio da ata do Comef. A autoridade monetária observou, ainda, que alterações recentes nas regras contribuem para fortalecer a segurança e a resiliência do sistema financeiro, tais como: limites para transferências via PIX e regras mais rígidas para autorização de novas instituições; rejeição transferências que tenham como destinatárias contas com "fundada suspeita de envolvimento em fraude"; fim do uso irregular das chamadas "contas bolsão". Sede do Banco Master Divulgação/Banco Master Ataques nos últimos meses Em julho, o Banco Central informou que a C&M Software — empresa que presta serviços tecnológicos e conecta instituições financeiras ao BC — comunicou ter sido alvo de um ataque à sua infraestrutura. Em setembro, a fintech Monbank informou que foi alvo de um ataque hacker que resultou no desvio de R$ 4,9 milhões. Segundo a instituição, nenhuma conta de clientes foi comprometida, e R$ 4,7 milhões já foram recuperados. Também em setembro, a Sinqia, empresa responsável por conectar bancos ao sistema PIX, informou que um ataque hacker provocou o desvio de aproximadamente R$ 710 milhões em transações não autorizadas. Megaoperação realizada em agosto desarticulou um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis identificou o uso de ao menos 40 fundos de investimento e diversas fintechs. O esquema era comandado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As instituições eram utilizadas para lavar dinheiro, mascarar transações e ocultar patrimônio.