Troca de celulares, guarda-costas cubanos, mudanças de casa: Maduro reforça segurança em meio a ameaças dos EUA, diz jornal

Escrito em 04/12/2025


Maduro reforça própria segurança em meio a ameaças dos EUA, diz jornal O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reforçou sua segurança pessoal, adotando uma série de novas medidas, em meio ao aumento das ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o jornal americano "The New York Times". ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Diversas pessoas próximas ao governo venezuelano, que falaram sob condição de anonimato por medo de represálias, contaram ao jornal que uma atmosfera de tensão e preocupação toma conta do círculo íntimo do presidente. De acordo com eles, Maduro tem tentado se proteger de um possível ataque de precisão ou de uma incursão de forças especiais mudando frequentemente o local onde dorme e também o celular que usa. Maduro e Trump em fotos de arquivo Reuters Além disso, informou uma das fontes, para reduzir o risco de traição, Maduro também ampliou o papel dos guarda-costas cubanos em sua segurança pessoal e designou mais oficiais cubanos de contraespionagem para as forças armadas da Venezuela. O presidente venezuelano também reduziu sua participação em eventos programados e transmissões ao vivo, substituindo-os por aparições públicas espontâneas e mensagens pré-gravadas. As medidas teriam começado a ser adotadas em setembro, quando os Estados Unidos começaram a concentrar navios de guerra e a atacar embarcações que, segundo o governo Trump, traficavam drogas da Venezuela. Em público, no entanto, Maduro tem procurado minimizar as ameaças de Washington, transmitindo uma imagem descontraída e tranquila, comparecendo a eventos públicos sem aviso prévio, dançando e publicando vídeos de propaganda no TikTok. O Ministério da Comunicação da Venezuela, responsável por lidar com as solicitações da imprensa em nome do governo, não comentou a reportagem. Maduro dança durante evento com estudantes na Venezuela REUTERS Bombardeios terrestres vão começar 'muito em breve', diz Trump A pressão americana contra a Venezuela não dá sinais de que irá diminuir. Nesta terça-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os bombardeios terrestres contra alvos ligados ao narcotráfico na América Latina começarão "muito em breve". A fala de Trump é mais nova ameaça de um ataque militar direto no Caribe em meio a escalada de tensões contra o regime venezuelano de Nicolás Maduro. Em reunião de gabinete, Trump disse também que qualquer país que trafique drogas para o território norte-americano pode ser alvo de ataque (leia mais abaixo). "Eu quero que esses barcos sejam eliminados, e se preciso, vamos fazer ataques terrestres assim como fizemos no mar. (...) Essas pessoas mataram mais de 200 mil pessoas [nos EUA] no ano passado, e esses números estão baixando. Estão baixando porque estamos fazendo os bombardeios [a barcos], e vamos começar a fazer esses ataques por terra também. Por terra é muito mais fácil, sabia? Sabemos as rotas que eles tomam, onde vivem, sabemos tudo sobre eles, e vamos começar isso muito em breve também", afirmou Trump. Trump diz que bombardeios terrestres na América Latina começarão 'muito em breve' Trump não mencionou explicitamente a Venezuela, mas falou sobre os bombardeios terrestres em resposta a uma pergunta sobre os ataques a barcos no Caribe e no Oceano Pacífico que seu governo acusa estarem transportando drogas rumo aos EUA. Desde setembro, os ataques a embarcações mataram mais de 80 pessoas e a maior parte das embarcações partiu da Venezuela, principal alvo da ampla escalada militar que Trump emprega no Caribe. O governo Trump está considerando bombardear alvos militares dentro da Venezuela e já teria definido quais locais atacaria caso o presidente dê a ordem, segundo o jornal americano "The Wall Street Journal". Segundo a reportagem, os locais avaliados incluem portos e aeroportos controlados pelos militares e supostamente usados para o tráfico de drogas. O presidente dos EUA, Donald Trump, em 2 de dezembro de 2025 REUTERS/Brian Snyder No final de novembro, Trump já havia falado que ofensivas terrestres na Venezuela devem começar "muito em breve", mas não deu mais detalhes. O presidente americano acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de chefiar o Cartel de Los Soles para justificar a escalada militar contra o país, e há a iminência de um ataque direto em território venezuelano, que seria sem precedentes. Maduro acusa os EUA de utilizarem o tráfico de drogas, que tem um fluxo maior vindo de outros países da América Latina, como pretexto para tentar o tirar do poder. O presidente venezuelano tem respondido a todas as declarações de Trump na escalada de tensões, e já fez apelos públicos —como "no crazy war, yes peace"— e privados —conversou por telefone com Trump e teve suas condições para deixar o poder recusadas— contra uma investida militar americana. Perguntado sobre os bombardeios a barcos que os EUA acusam estarem transportando drogas no Caribe e no Oceano Pacífico, Trump defendeu os ataques, que segundo estão salvando milhares de americanos. Na reunião, Trump estava acompanhado do secretário de Guerra, Pete Hegseth, pivô de uma polêmica de possível crime de guerra em um dos ataques. Hegseth afirmou que os americanos estão mais seguros porque os narcotraficantes latino-americanos sabem que serão mortos se tentarem trazer drogas aos EUA. "Vamos eliminar essa ameaça, por mar ou terra, se necessário, e estamos orgulhosos em o fazer", afirmou. LEIA TAMBÉM: Os mapas que mostram por onde viaja a droga da América Latina para os EUA Governo Trump tem plano de contingência preparado se Maduro cair, diz Pentágono Trump diz que não descarta mandar tropas dos EUA para a Venezuela: 'Temos que dar um jeito nessa questão' Qualquer país que trafique drogas aos EUA pode ser atacado, diz Trump Trump ameaça atacar qualquer país que mande drogas para os EUA Trump também disse na terça-feira que qualquer país que trafique drogas para o território norte-americano pode ser alvo de ataque. A declaração foi feita durante uma reunião com secretários de governo. Ao comentar o combate ao narcotráfico, Trump acusou a Colômbia de manter fábricas de produção de cocaína e disse que as drogas são enviadas para os Estados Unidos. "Qualquer um que esteja fazendo isso e vendendo para dentro do nosso país está sujeito a ataque, não só a Venezuela", afirmou. "A Venezuela é muito ruim, provavelmente pior que a maioria, mas muita gente faz isso. Eles enviam assassinos para o nosso país", acrescentou. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, grande parte da cocaína que chega aos EUA vem de Colômbia, Peru e Bolívia. Já a maior parte do fentanil — opioide responsável por quase 70% das overdoses em 2023 — vem do México. Desde setembro, os EUA mobilizam um forte aparato militar no Caribe sob a justificativa de combater o tráfico internacional. Embora a Venezuela concentre a maior parte das ameaças, a Colômbia também tem sido alvo do governo americano. Em 19 de outubro, Trump usou uma rede social para chamar o presidente colombiano, Gustavo Petro, de "traficante de drogas ilegal". Ele também acusou o país de incentivar a "produção massiva" de entorpecentes. Segundo Trump, Petro "não faz nada para deter" a produção e o tráfico se tornou o "maior negócio" na Colômbia. O presidente colombiano usou uma rede social para rebater as falas de Trump desta terça-feira. Ele afirmou que tem destruído laboratórios de cocaína e impedido que as drogas cheguem aos EUA. "Venha à Colômbia, Sr. Trump, eu o convido, para que possa participar da destruição dos 9 laboratórios que destruímos diariamente para impedir que a cocaína chegue aos EUA", escreveu. "Se algum país ajudou a impedir que milhares de toneladas de cocaína chegassem aos americanos, esse país é a Colômbia." Governo Trump sob pressão, após ataque a sobreviventes no Caribe