Empresa chinesa dona do TikTok fecha acordo para vender a filial da rede social nos EUA
A empresa chinesa dona da rede social TikTok fechou um acordo para vender a operação da filial plataforma nos Estados Unidos.
A companhia ByteDance fechou o negócio com três empresas:
Oracle, uma das primeiras criadoras de bancos de dados dos Estados Unidos;
Silver Lake, uma firma de investimentos que compra partes de empresas de tecnologia - como o X e o Airbnb;
MGX, um fundo dos Emirados Árabes que investe em inteligência artificial.
Elas serão responsáveis por armazenar os dados dos usuários americanos em data centers da Oracle. Também vão assumir o controle do algoritmo que determina o que os americanos veem quando abrem o aplicativo, além de tomar decisões de moderação sobre o que pode ou não ser publicado. Essas três empresas vão controlar 45% do TikTok. O restante será divido entre investidores menores.
As informações são de um memorando interno que o CEO do TikTok, Shou Chew, enviou aos funcionários. A imprensa americana teve acesso ao documento. O CEO deu a entender que o acordo será celebrado no dia 22 de janeiro de 2026.
O negócio é para manter o TikTok funcionando nos Estados Unidos depois de uma batalha que já dura seis anos. Começou em 2019, quando autoridades apontaram que o crescimento do aplicativo poderia fazer com que o governo chinês tivesse acesso aos dados dos usuários americanos e pudesse usá-los para influenciar pessoas.
Foi em meio às manifestações “Vidas Negras Importam”, amplificadas em grande parte pelas redes sociais, que Donald Trump transformou a questão em bandeira política. No verão de 2020, assinou um decreto para banir o TikTok nos Estados Unidos, caso a rede social não fosse vendida para uma empresa americana. Citou risco à segurança nacional. O TikTok virou bandeira de campanha de Trump para tentar a reeleição, disputa que ele perdeu para Joe Biden.
Mas o novo presidente continuou a luta de maneira silenciosa. Os dados dos americanos no TikTok passaram a ser armazenados nos servidores da Oracle.
No Congresso, os dois partidos - democrata e republicano - manifestaram preocupação com uma possível interferência da China. Os parlamentares aprovaram uma lei que também exigia a venda da operação do TikTok nos Estados Unidos para uma empresa local, sob pena de banir a plataforma. O prazo para isso vencia no começo de 2025, quando Trump assumiu, mas o presidente estendeu o prazo várias vezes até 16 de dezembro.
São 170 milhões de usuários do TikTok nos Estados Unidos. A plataforma é uma das maiores para lançar movimentos - principalmente entre os mais jovens. O acordo para manter o TikTok funcionando mostra que, quando se entende o escopo cultural das redes sociais, o governo americano aplica dois pesos e duas medidas.
Trump já chamou de censura e de ataque à liberdade de expressão as tentativas da Europa e do Brasil de regular as redes sociais para combater a desinformação e o discurso de ódio e antidemocrático. O acordo com o TikTok escancara a contradição: censura quando são os outros, segurança nacional quando se trata deles mesmos.
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Escrito em 20/12/2025